A ação discursiva do herói coletivo saramaguiano em Levantado do chão
JOSÉ GONÇALVES

Tendo como base o livro A Condição Humana de Hannah Arendt, propomo-nos focar a análise no capítulo “Ação”, salientando a possibilidade deste permitir uma interpretação da obra e pensamento de José Saramago. Não consideramos que exista uma influência direta do pensamento arendtiano no autor d’ O ano da morte de Ricardo Reis, mas partimos da premissa de que o seu quadro concetual permite interpretar as situações-limite e históricas, assim como os enredos desenvolvidos nas obras do Nobel da Literatura. Tendo em conta a complexidade da obra arendtiana, assim como o vasto trabalho de Saramago, tentaremos focar o nosso estudo num único livro do escritor português. Levantado do chão surge como um profundo espaço de análise, de forma a interpretar alguns momentos preconizados no mesmo, passíveis de serem dissecados, partindo do músculo concetual de Hannah Arendt, possibilitando, desta forma, um aprofundamento da compreensão do quadro teórico e da mundivisão saramaguiana. Quarenta anos sobre a primeira edição de Levantado do chão, eis que nos situamos num momento de reflexão sobre a realidade de então, trazendo ao presente o reforço de um coletivo que se foi transformando e sente imprescindível o relembrar da memória coletiva de um povo e a compreensão do comportamento dos vários agentes da História. Homens contra homens, as relações de poder e os instrumentos para a manutenção deste.

Palavras-chave: Poder. Violência. Discurso. Ação. Política.

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