Duas prisões: o sublime em Levantado do chão
LUÍS ALFREDO GALENI
O romance Levantado do chão, do Nobel de literatura José Saramago, narra acontecimentos da história de Portugal do século XX, mas para além das questões históricas há um elemento revelador em sua narrativa, o elemento sublime. A ideia de sublime é antiga, remetendo aos séculos I e II da era comum. Esse conceito, por nós aqui empregado, foge à expressão comum de maravilhoso, pois se relaciona à doutrina de Schiller. Para Schiller, existem alguns tipos de sublime, mas o que nos interessa aqui é o que ele chama de sublime patético, aquilo ligado ao sofrimento, mas que nos eleva moralmente, criando em nós uma espécie de fortalecimento da faculdade racional – razão essa associada à ética e à moral. Quando Saramago representa uma situação de tortura em seu romance, não faz somente uma crítica ao fascismo, mas produz um compadecimento no leitor gerando o efeito sublime patético: somos afetados pelo infortúnio da personagem, mas não sucumbimos ao desespero dela, pelo contrário, fortalecemos nossa faculdade racional ética e moral.
Palavras-chave: Levantado do chão. Sublime. Schiller. Razão.
ver texto :: voltar ao sumário