Caim, de José Saramago, entre o mal e o bem
MARCELO LACHAT
Caim, romance de José Saramago publicado em 2009, consiste numa paródia de diversos episódios do Antigo Testamento, em particular, como evidencia seu título, da trágica história bíblica do primogênito de Adão e Eva e irmão-assassino de Abel. Essa narrativa saramaguiana reescreve, cômica e ironicamente, as Escrituras para dessacralizá-las. Assim, este artigo pretende demonstrar que tal reescrita é, entre outras coisas, uma contundente crítica à moral judaico-cristã. Isso porque, nessa obra do escritor português, Caim é figurado não como o infame e cruel homicida do seu próprio irmão, mas como um homem honesto que, oprimido entre o mal e o bem e cansado das injustiças divinas, revolta-se contra a crueldade de Deus.
Palavras-chave: Saramago. Caim. Moral judaico-cristã.
Cain, a novel by José Saramago published in 2009, consists of a parody of several episodes of the Old Testament, in particular, as evidenced by its title, of the tragic biblical story of the firstborn of Adam and Eve and brother-murderer of Abel. This Saramaguian narrative rewrites, comically and ironically, the Scriptures to desecrate them. Thus, this paper aims to demonstrate that such a rewriting is, among other things, a strong criticism of Judeo-Christian morality. That is because, in this work by Saramago, Cain is depicted not as the infamous and cruel murderer of his own brother, but as an honest man who, oppressed between evil and good and tired of divine injustices, revolts against the cruelty of God.
Keywords: Saramago. Cain. Judeo-Christian morality.
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